A presença do Silêncio - Parte 3

A cada minuto eu olhava o relógio, nem uma notícia, nenhum telefonema, o estresse me possuía. As horas foram passando, assim fazendo com que o pior dia da minha vida chegasse ao fim. Vazio, era o que eu sentia dentro de mim.
Não havia mexido em nada, deixei tudo do jeito que eles deixaram, para o caso de encontrassem pistas do paradeiro dos meus filhos. Neste momento o telefone soa, e a minha esperança retorna, porém dura pouco; pois não passava de um telefonema besta e inútil de um banco, logo após, toca novamente.
Escuto o que queria escutar a 24 horas, era o meu filho mais velho, o John; as lágrimas e soluços me atrapalharam e muito, porém sabia que pelo menos eles estavam vivos. Perguntei para ele se estava tudo bem, qual era o lugar em que eles estavam, e se seu pai estava junto. Infelizmente as perguntas foram respondidas com meras palavras, simples até para uma criança de oito anos, sim, não e sim novamente.
O telefone silenciou. Gritei, mas nada, eles desligaram, tentei ligar para o telefone que haviam me ligado, mas nada, ninguém atendeu. Então o anotei em um papel, e guardei-o no meu bolso, logo em seguida peguei as fotos mais recentes deles, do pai e da amante, que até ontem era uma pessoa que admirava tanto, Carla, nome que não admirava mais.
Chegando à delegacia fui logo seguindo para a sala em que havia estado na última visita, lá eu encontrava a única pessoa em que via a esperança de ter meus filhos novamente em meus braços. Roberto estava ao telefone quando entrei desesperada na sala, logo ele o desligou e me olhou com um olhar de pena.
Falei que eles estavam realmente com o pai e a babá, e que haviam acabado de me ligar de um telefone público. Ele me explicou como aquilo funcionava, e como era demorado, e que muitos dos casos de desaparecimento de crianças não haviam sido ainda solucionados, porém ele iria fazer o possível para me ver com os meus filhos.